sexta-feira, 15 de abril de 2011

Depois de pensar, aja!


Assisti a um documentário escrito por Marcelo Masagão que despertou um sentimento, ou melhor, vários sentimentos em mim, acredito que poucas pessoas tenham acesso a esse filme, então divulgo aqui o trailer, pois ele nos faz pensar.
"Nós que aqui estamos, por vós esperamos" é um filme sem fala, apenas com imagens, algumas legendas com frases curtas, ou dados das pessoas que estão nas fotografias do século XX no mundo, com uma música de fundo que influencia o choro, a comoção, o choque.
Relacionando com as aulas de subjetividade e  com o texto "A representação do eu na vida cotidiana" podemos ver que pessoas simples são influenciadas pelos grandes eventos da sociedade, que agimos conforme a espectativa do próximo e as vezes perdemos nossa singularidade. O documentário me fez pensar em como as pessoas  perdem suas características quando fazem parte de um todo, quando morrem e viram estatística, quando fazem parte de uma fábrica, de um fato e nem sequer sabemos seus gostos, seus sonhos.
Imagens de guerra, morte, arte assim inicia o documentário, muda o dia, muda o estilo da arte, surge novas tecnologias, surge o mêtro, o telefone, Picasso, Freud, a física.
Vemos no século XX uma realidade que conservamos ainda hoje,esquecemos de ver as pessoas como seres humanos, seres pensantes. Elas eram tratas como números e assim ainda são, ainda trabalham exaustivamente como antes, não eram, e não são vistas com subjetividade, produzem e não possuem o produto, conforme foi ilustrado no filme com a foto de Alex Anderson que produzia carros na ford e nunca teve um.
Fotos de familias que morreram em guerras e ainda hoje acontece, porém as guerras são diferentes,são desastres naturais que matam, são acidentes de transito que tiram a vida de muitas famílias. Nos noticiarios ouvimos " MORRERAM 3 PESSOAS EM UM ACIDENTE HOJE", porém há uma frase no filme que me marcou e crítica a visão das pessoas como estatística, números, escrita por Cristian Boltaski:  "Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay,
outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias...".
É mais de uma hora de imagens, de música, de momentos que nos emocionam, outros que nos revoltam, mas no fim, são um conjunto de fotografias que nos fazem pensar.
Ao mesmo tempo que mostrava a imagem do coveiro de um cemitério, havia a legenda de que ele jogava dominó nos domingos; quando mostrava um trabalhador no campo, que nunca teve acesso a televisão, a legenda de que ele gostava de coca cola, porém essas subjetividades, gostos, sonhos de cada um, nunca foram perguntadas, nunca ninguém teve interesse. Hoje, ainda é assim nas grandes empresas, o funcionário está lá para servir, para produzir ainda que o produto não chegue nas suas mãos, não importa o estado do cliente, desde que ele esteja comprando a mercadoria.
 Vivemos em um mundo de representações, de papéis, de fachadas, em que na fachada pessoal há a aparência e a maneira. Considerando aparência como definidora do status momentâneo do ser, e maneira como a forma de agir, podemos perceber que cada um tem a sua fachada, porém todos nós fazemos parte da mesma sociedade, todos nós temos a fachada de seres humanos, portanto deveríamos aceitar a todos,independende da aparência: se é empregado, se é chefe, se é vendedor, se é cliente, devemos
questionar a subjetividade de cada um, alcançando assim uma singularidade.
O documentário mostra que pequenas pessoas fizeram parte de uma grande história,
deveríamos nos preocupar mais com o nosso século para que se fosse feito um trabalho de imagens em cima dos nossos fatos, houvessem imagens de alegria, de crianças sendo educadas, de coscientização em relação a poluição, ao corte de árvores. Retomando o texto da postagem anterior, temos que relacionar as três ecologias, buscar o equilibrio, a subjetividade e singularidade.
O titulo do documentário é dado, pois a frase está escrita na fachada de um cemitério em São Paulo: "NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS" e de fato a única certeza da vida é a morte, porém podemos conservar o mundo, o bem-estar físico e mental e viver por muito mais tempo. É um documentário que fez chorar, fez sorrir, fez pensar, porém espero que ele nos faça agir, o mundo influencia quem somos, porém nós temos direito de lutar pelas singularidades.Termino com uma frase de Jean Paul Sartre : "Não importa o que fizeram do homem,mas sim o que ele faz daquilo que fizeram dele. "

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